segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O Choro: um breve panorama do seu nascimento

O Choro nasceu no Rio de Janeiro, na segunda metade do séc. XIX a partir da fusão das danças-de-salão européias (como a Polca, a Valsa, o Schottisch, e a Quadrilha) com os ritmos africanos que chegaram ao Brasil com os escravos (como o Batuque e o Lundú, originário das danças-de-roda e umbigadas angolanas). Podemos dizer que o "encontro" da Polca com o Lundú foi o pontapé inicial para o surgimento do choro. O Choro era tocado nos salões nobres, nas casas de classe média, e nos "arranca-rabos do povo". O termo "Choro", segundo o autor André Diniz, "surgiu da 'colisão cultural' entre 'choro' do verbo 'chorar' e chorus, que significa 'coro' em Latim". Outros autores, dizem também, que o termo surgiu pela forma "chorosa" que os músicos interpretavam os gêneros europeus, que faziam muito sucesso na época. O termo era utilizado na época em que surgiu (por volta de 1870) para se referir ao grupo instrumental formado por Flauta, Cavaquinho e Violões, que interpretavam de maneira "chorosa" e "abrasileirada" as danças européias. O flautista Joaquim Callado foi um dos fundadores desse formato com o seu famoso grupo "O Choro Carioca". Só na década de 1910 é que surge o gênero musical que chamamos de Choro. Até então, "Choro" era um estilo musical, que abrangia vários gêneros (os europeus, já influenciados com os ritmos afros, já citados acima, e mais alguns outros originados de outras fusões, como o Tango Brasileiro) e não um gênero musical. Talvez este seja o melhor conceito de Choro.
Uma questão de suma importância que jamais podemos deixar de citar quando se fala de Choro, é o ambiente sócio-cultural em que ele surge. O Choro esteve e está sempre ligado a "festas , comidas, bebidas e outras coisas boas da vida". O Choro é marcado pela interação entre as pessoas, fortalecendo sempre a coletividade entre elas. Casamentos, batizados, aniversários e bailes populares: foram nestes ambientes que nasceram as famosas Rodas de Choro. Era muito comum, os chorões (músicos que praticam o Choro) desafiarem uns aos outros. Os solistas preparavam verdadeiras armadilhas melódicas para os seus acompanhadores, no intuito de “derrubá-los” como uma espécie de provocação, uma brincadeira maliciosa. Isto ajudou a criar um "clima de liberdade e improviso fundamental" para o Choro. Os Chorões, eram na sua maioria, servidores públicos, civis e militares, do Arsenal da Marinha, da Estrada de Ferro, da Alfândega e principalmente dos Correios.


Eis aqui, um breve panorama do nascimento do Choro. Falaremos mais nas próximas postagens sobre cada um dos gêneros que integram o Choro, mestres, personagens, filmes, livros e autores, histórias, ou qualquer assunto que esteja ligado ao Choro. Estão todos convidados a postarem seus comentários. Um Abraço !

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