Ontem consegui parar no horário certo para assistir à mini-série "Chiquinha Gonzaga" (finalmente após alguns capítulos perdidos). E lembrei-me do que estávamos comentando na comunidade do quarteto. Parece até ingênuo presumir que,uma produção televisiva deste porte, envolvendo uma série de fatores de mercado inerentes ao processo, pudesse deter-se fielmente aos fatos apurados pela pesquisa histórica retratando somente aquilo que de fato ocorreu.
Eu, particularmente, não tenho tido muita sorte (como é de se esperar), e, sempre que consigo acompanhar um capítulo, geralmente, este trata mais do drama afetivo da personagem; enquanto o que é de meu particular interesse (os fatos ligados à música e ao nascimento do choro) fica em décimo - quinto plano.
Apesar disso, ontem tive alguma sorte. O Callado apresentou uma polca interessante (Sedutora) que ele teria, sutilmente, induzido ao entendimento de que fora feita para Chiquinha. E a composição dela (Sedutor) teria sido uma espécie de resposta àquela.
Bem, aí está! Muito se fala a respeito da relação entre Callado e Chiquinha. Sabe-se que eram amigos e dividiam participações em saraus. Muito se fala na literatura, também, a respeito da movimentada vida amorosa do Callado. Mas o fato é que, não se têm referências claras e contundentes nos livros a respeito desse suposto amor avassalador que a personagem do Norton Nascimento disse sentir pela protagonista. O que se fez no roteiro foi uma espécie de “aproximação”. Indícios existem. Mas sabe-se que indícios não são provas. Aproximou-se, promoveu-se um indício à categoria de fato. E aí a caímos naquela observação inicial; a trama precisa de emoção, de turbulência! Isso é o mercado, não é?!
Preciso fazer uma última observação para conseguir dormir em paz hoje à noite. Não vejo razão alguma para a trilha sonora fazer desfilar tantos “temas” exclusivos. É assim, a produção encomenda a um músico responsável pela trilha sonora uma carroçada de “temas” para dar fundo a determinados trechos da trama. Sem muitos detalhes, é isso que ocorre. Mas espera um pouco aí! A produção trata de um dos momentos históricos mais importantes no que tange à música brasileira, no qual se destacam compositores importantíssimos. Será que a trilha sonora não poderia explorar esse vastíssimo repertório para dar suporte à trama? Na época em que foi produzida a série o trabalho de recuperação das obras desses autores (do final do séc. XIX) ainda não era tão intensa. Mas os realizadores dessa recuperação, feita posteriormente à mini-série, não tinham um enésimo sequer do poder da emissora que a produziu. Então talvez esse trabalho de recuperação pudesse ter sido iniciado no período de rodagem da série, já que poder para investir nunca foi problema por lá, não é?
sábado, 2 de agosto de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário